© José Caldeira

CLÁUDIA DIAS – Segunda-Feira: Atenção à Direita

Teatro das Figuras
Sáb 29 OUT, 21h30

CO-PRODUÇÃO TEATRO DAS FIGURAS

OK, PÕE-ME KO
Quando levamos um soco, pelo menos acontece qualquer coisa. Com alguma sorte, se dermos por ela, temos noção que está a acontecer. É um primeiro passo, quando nos esmurram a cara, saber algo. Mas bom mesmo é saber quem, como, para quê, o que foi.
Num mundo de agressão mais ou menos dissimulada, em casa e no trabalho, e mais ou menos simulada, no ócio e no lazer, é de esperar que mais cedo ou mais tarde alguém nos dê esse soco. Nem que seja metafórico. O que surpreende é que tanta gente apanhe sem saber porquê.
Antes de deixar, por inadvertência, que alguém nos esmurre a cara, é bom ter presente as consequências do acto. Não saber quais são a motivação e a finalidade desse mesmo acto é, por mais que o murro nos acerte em cheio, passar ao lado dos acontecimentos. Sem entendimento, o facto é-nos alheio. Eis como um conflito pode chegar a não ser, mesmo depois de ter acontecido.


ARENAS PESSOAIS
O primeiro espectáculo do ciclo de sete peças que Cláudia Dias criará ao longo dos próximos sete anos propõe-se reconstituir um combate de boxe. Punhos cerrados, full contact, uma coisa parece certa: Cláudia e Jaime vão dar e levar na boca literal e metaforicamente.
Pertencentes a uma comunidade que tem sido levada ao tapete vezes sem conta, quando se esmurrarem com argumentos, entre os prometidos sangue, suor e lágrimas, far-se-á luz, como nas fábulas esclarecidas.
Ao sentimento de opressão, de que se libertam combatendo, opor-se-á o sentimento de solidariedade, entre pares, que se reforça no combate, quando eles se reconhecerem como iguais. Punhos cerrados. Destas forças contrárias, sai atrito bastante para passar das palavras aos actos.


Conceito e direcção artística: Cláudia Dias
Artista convidado: Pablo Fidalgo Lareo
Texto: Cláudia Dias e Pablo Fidalgo Lareo
Intérpretes: Cláudia Dias, Jaime Neves, Karas
Olhar Crítico – Sete Anos, Sete Peças: Jorge Louraço Figueira
Treinador de Boxe Tailandês: Jaime Neves
Cenografia e desenho de luz: Thomas Walgrave
Direção técnica: Nuno Borda De Água
Tradução: Patrícia Azevedo da Silva
Produção: Alkantara
Residências artísticas: Espaço Alkantara, Göteborg Dance and Theatre Festival e Vitlycke Centre for Performing Arts (com o apoio de KID Gothemburg), Teatro Extremo / Teatro – Estúdio António Assunção; Companhia de Dança de Almada; O Espaço do Tempo; Teatro Municipal do Porto
Coprodução: Alkantara Festival e Noorderzon Performing Arts Festival Groningen no âmbito do NXTSTP / Programa Cultura da União Europeia; Goethe Institut; Maria Matos Teatro Municipal; Teatro Municipal do Porto
Apoios: Fundação GDA e Fundação Calouste Gulbenkian
Apoio à digressão nacional do projecto: Goethe Institut / Representação permanente em Portugal
Segunda-Feira: Atenção à Direita teve o apoio de EUROPOLY, um projecto Europeu para teatro e cinema do Goethe Institut em cooperação com Munchner Kammerspiele (Alemanha), Onassis Cultural-Centre (Atenas, Grécia), Sirenos – Vilnius International Theatre Festival (Vilnius, Lituânia), Maria Matos Teatro Municipal (Lisboa) e Tiger Dublin Fringe (Dublin, Irlanda).
O projecto Sete Anos, Sete Peças é apoiado pela Câmara Municipal de Almada.


Cláudia Dias nasceu em Lisboa em 1972.
É coreógrafa, performer e professora. Frequenta o Mestrado em Artes Cénicas, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa. Iniciou a sua formação em dança na Academia Almadense.
Continuou os seus estudos como bolseira na Companhia de Dança de Lisboa. Frequentou o Curso de Formação de Intérpretes de Dança Contemporânea promovido pelo Fórum Dança e o Curso de Formação Profissional em Gestão de Organizações e Projectos Culturais, promovido pela Cultideias.
Iniciou o seu trabalho como intérprete no Grupo de Dança de Almada. Integrou o colectivo Ninho de Víboras. Colaborou com a Re.Al tendo sido uma intérprete central na estratégia de criação de João Fiadeiro e no desenvolvimento, sistematização e transmissão da Técnica de Composição em Tempo Real.
Criou as peças One Woman Show, Visita Guiada, Das coisas nascem coisas, Vontade De Ter Vontade e Nem tudo o que dizemos tem de ser feito nem tudo o que fazemos tem de ser dito.
Desenvolveu o projecto pedagógico Nesta Parte Esquinada da Península com os parceiros Azala, Muelle 3, La Fundición e Festival BAD.
Lecciona, desde 2007, de forma regular, oficinas nas áreas da Composição Coreográfica e Técnica de Composição em Tempo Real. O seu trabalho como coreógrafa, performer e professora tem sido acolhido por várias estruturas, teatros e festivais nacionais e internacionais.