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ANDRÉ UERBA – Burn Time

Teatro das Figuras, Faro / Qui 24 OUT 21h30

PERFORMANCE-INSTALAÇÃO / 60' / M6 / 5€ - COMPRAR / Bilhete único 2 espectáculos: Burn Time de André Uerba + Storm Atlas de Dewey Dell

Burn Time é uma performance e uma instalação efémera onde a coreografia se desdobra a partir do gesto de queimar fios. Nas fronteiras da escultura e da arquitectura, e pensada enquanto peça site-specific, esta criação é uma viagem através da paisagem meditativa, uma paisagem desacelarada.

O espaço é escuro e definido por uma instalação de fios de algodão pendentes. Gradualmente – um após o outro e por vezes vários ao mesmo tempo – os fios serão acesos, criando um espaço em câmara lenta de mudança e desvanecimento. Tudo é reduzido a um ritmo silencioso e profundo.

Num momento em que acontecem guerras existenciais entre o estar no presente e projecções futuras, Burn Time é uma espécie de obrigação de reconhecimento do momento e de satisfação através do aqui e do agora.

PROJECTO PARTICIPATIVO
Performance realizada com um grupo de pessoas da comunidade local - com ou sem experiência performática - seleccionadas após a realização de um Workshop / Audição.

INSCRIÇÕES / INFO 
info@festivalveraoazul.com / +351 963 579 289 / Formulário inscrição

Conceito e Direção Artística: André Uerba
Apoio Dramatúrgico: Thomas Schaupp
Assistência Artística: Tiago Gandra
Performers: participantes locais
Desenho de Luz: André Uerba, Gretchen Blegen
Esculturas: André Uerba
Produção Executiva: Short Hope
Co-Produção: Walk&Talk Açores, Plesni Teater Ljubljana (Eslóvenia)
Apoio: Senate Department for Culture and Europe (Berlin)
Apoio à Residência: O Espaço do Tempo (PT), PACT Zollverein (DE), Tanzfabrik (DE)
Agradecimentos: Alessandro Bortolazzo, Alejandro Karasik, Andrea Sozzi, Anna Posch, Ausland (Berlin), Bárbara Torres, Catarina Saraiva, Cathy Walsh, Chris Leuenberger, Clément Layes, Emily Jeffries, Jasna Layes Vinovrski, Juan Felipe Amaya, Jenny Beyer, Julia Rodriguez, Ligia Soares, Maddy White, Matthew Rogers, Marc P. Gabriel, Mauricia B. Neves, Olivia McGregor, Pia Krämer, Reza Mirabi, Rui Horta, Tiago Barbosa, Tiago Gandra, Vasco Mosa


André Uerba, performer e coreógrafo nascido em 1983 em Lisboa, desenvolve trabalhos colaborativos e a solo na intersecção de Dança / Performance e Artes Visuais. Frequentou o Mestrado em Artes, Solo / Dance / Autorship na Universität der Künste Berlin (2013-15).
Desde 2007 que Uerba trabalha como colaborador artístico e performer com a dupla Ana Borralho & João Galante, tendo também trabalhado com Alexandra Pirici, Antonija Livingstone, Carlota Lagido, Clément Layes, Christian Falsnaes, Felix Ruckert, Sandra Man / Moritz Majce, Naufus Ramírez-Figueroa, Willi Dorner e mais recentemente, como performer na peça This is so Contemporary de Tino Sehgal, apresentada no Martin-Gropius-Bau Berlin.


Grupo de Crítica VA9 – Textos

Sobre Burn Time de André Uerba
Texto de Tata Regala
Queimar tempo ou não? Fagulhas encarriladas numa corrida de ascensão. Notam-se silhuetas femininas. Mulheres jovens com roupa negra ligeira, munidas de isqueiros cujo som de pedra acusa, em cada fricção, a tentativa de um novo corredor luminoso.
Paredes de linhas, colunas e hélices quase invisíveis. Os corpos humanos pacientemente cuidam de cada chama e, acto contínuo, convidam-me a serenar o cérebro e contemplar os ínfimos fogos voadores. O fogo, como elemento perto do qual se está bem em silêncio, apresenta-se também pelo odor que me invade.
O meu instinto diz-me para tentar vigiar cada luz, não vá ela deflagrar e agigantar e proliferar e ameaçar. Mas são demasiadas as diminutas labaredas e tranquilas as feições de quem as inflama. As pirómanas criam novos espaços num entendimento acordado sem palavras.
Não sei se arde o tempo, se o ar ou a esperança de uma meada para seguir. Ulteriormente, a meada derradeira sinto-me eu, quase a ponto de me emular num tempo que ora se apressa ora se arrasta
31 de Outubro 2019

Texto de Lélia Madeira
Burn Time, de André Uerba, questiona sem palavras, em sessenta minutos que testam a resiliência dos espetadores e das performers. A resiliência à escuridão, à luz, ao silêncio, ao barulho. Numa altura em que tantas vezes queimamos o tempo, no sentido em que o desperdiçamos, Burn Time deixa-nos com vontade de carregar mais vezes na tecla pause. Com vontade de pararmos mais vezes, de simplificarmos, de relaxarmos mais, de nos tranquilizarmos.
30 de Outubro 2019