© Susanne Regina Meures

SUSANNE REGINA MEURES – Raving Iran

Auditório do Solar da Música Nova, Loulé / Qua 23 OUT 21h00

Galeria LAR, Lagos / Qua 30 OUT 21h30

DOCUMENTÁRIO / 2016 / 86' / M6 / Gratuito
Legendado em EN

Anoosh e Arash estão no centro da cena tecno underground de Teerão. Cansados de se esconderem da polícia e da sua carreira estagnada, organizam uma última rave tecno maníaca no deserto, sob circunstâncias perigosas. De volta a Teerão, tentam a sua sorte vendendo o seu álbum editado ilegalmente sem permissão. Quando Anoosh é preso, parece não restar esperança. Mas depois recebem um telefonema do maior festival tecno do mundo. Chegados à Suíça, são esmagados pelo seu próprio sonho. Entrevistas para rádios e jornais, milhões de ravers e outros DJs catapultam-nos para outra esfera. A névoa da euforia instantânea rapidamente se esfumaça quando começam a compreender a seriedade da situação.

Festivais e Prémios
Visions Du Réel (Menção Especial – 2016)
Guanajuato IFF (Melhor Documentário – 2016)


Realização: Susanne Regina Meures
Produção: Christian Frei Filmproduktion

Susanne Regina Meures nasceu na Alemanha Ocidental.
Estudou fotografia e história de arte na Courtauld em Londres, e cinema na Zurich University of the Arts. Trabalhou em inúmeras publicações impressas antes de passar para o cinema. Raving Iran é o seu primeiro documentário.


Grupo de Crítica VA9 – Textos

Impressões sobre o filme de Susanne Regina Meures, Raving Iran
Texto de Tata Regala
Para mim, filho de Abril, a Thinkpol Orwelliana é uma abstracção. Ou melhor… era-o até sentir o medo e a opressão resultantes da Morality Police Iraniana. E este sentir deve-se também e sobretudo à forma próxima e empática como Susanne Meures realiza este “Raving Iran”. A música e dança como formas de expressão de liberdade de pensamento são apenas a meada deste documentário que à medida que se desenrola, desenleia também a desigualdade de géneros, o uso da língua, o conceito de nudez, o vestuário e o absolutismo religioso.
Reflito em como um meio cultural pode tanto ser unificador como limitador. As pressões da sociedade, quer seja de uma forma mais ou menos velada, são perceptíveis na conduta das forças policiais, nas burocracias das repartições e até nas relações inter-pessoais. E se por outro lado existe uma condição humana que nos sussurra: “somos universalmente iguais, com os mesmos desejos e aflições”, é o à vontade com que os exprimimos que nos permite, a cada um, ser autênticos.
No documentário, os DJs Anoosh e Arash estão fartos de fazer tudo secretamente, sendo que esse “tudo” é definido, à luz da cultura Iraniana, por um conjunto de liberdades agrilhoadas. Urge pois definir que “tudo” é esse na minha própria cultura… aspectos como a eutanásia, a sexualidade, a paternidade, a imputabilidade, a loucura são apenas alguns dos muitos temas agrilhoados também entre nós.
Raving Iran fala-nos de pessoas que por necessidade, rebeldia, urgência ou coragem ousam traçar caminhos inspiradores. Agradeço o privilégio de poder assistir a este documentário no Auditório do Solar da Música Nova que, desta forma, inerentemente rescreve a pauta do magnífico edifício onde se encontra o Conservatório de Música de Loulé.
29 Outubro 2019