© Ana Borralho & João Galante

ANA BORRALHO & JOÃO GALANTE – World of Interiors

CCL - Centro Cultural de Lagos
Tue 17 OCT, 19h00 > 21h00
Performance / Installation / 70' / M12

World of interiors é uma performance com pessoas deitadas no chão, de olhos fechados e sem movimento evidente.
Os 15 performers sussurram as palavras poéticas e zangadas do autor dramaturgo Rodrigo Garcia. O público é “convidado” a aproximar-se dos corpos dos performers para entender o que dizem.
World of Interiors explora a fronteira entre o espectador e a obra, integrando o público no espaço e no tempo da performance, identificando as tensões que se criam entre a arte e os códigos que regem a sociedade.
O espectador pode entrar e sair da sala á sua vontade durante a duração da peça. Ele ou ela têm a liberdade de definir o tempo a permanecer na sala, o tempo que dedicam a um performer ou mudam para outro.
Cada performer tem uma colagem diferente de textos a dizer. Existe uma partitura para os textos. Todos as partituras dos performers fazem parte de uma partitura colectiva, com momentos de coro, silêncio e canon.


Conceito, direcção artística, espaço cénico e luz: Ana Borralho & João Galante
Performers (15 pessoas locais escolhidas através de workshop / audição) estreia Lisboa: Ainhoa Vidal, Alina Bilokon, André Duarte, Antonia Buresi, Célia Jorge, Chris Scherer, Elisabete Fradique, Laurinda Chiungue, Luís Godinho, Maria Manuela Marques, Pedro Frutuoso, Pietro Romani, Renata Portas, Ricardo Barbosa e Rui de Sousa
Textos a partir de fragmentos da obra teatral de Rodrigo Garcia
Tradução e colaboração dramatúrgica: Tiago Rodrigues
Aconselhamento artístico: Fernando Ribeiro
Aconselhamento luz: Thomas Walgrave
Produção executiva: Ana Borralho, Mónica Samões e Míriam Vale
Produção: casaBranca
Co-produção: Alkantara festival 2010, Museu Colecção Berardo, Útero / Espaço Land e Centre National de Danse Contemporaine Angers
Apoios: Atelier Real, Grande Cena, IEFP, JGM, VôArte, Centro de Reabilitação e Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian e TNT / Manufacture de Chaussures-Bordeaux
Apoio à estreia: Départs, Culture Programme of the European Union residência artística CNDC – Centre National de Danse Contemporaine Angers
Residência artística: Centre National de Danse Contemporaine Angers / França
Agradecimentos: Rodrigo Garcia, Mateo Feijó, Carlos Marquerie, Alexia Larrarté, Atelier Re.Al, Pedro Joel, Nec – Núcleo de Experimentação Coreográfica, Margarida Marecos, Walter Lauterer, Flávio Rodrigues, Lara Pires, Ana Margarida Carvalho, Roman Perona, Rui Dâmaso, John Romão, Armando Valente
Documentação vídeo da performance em Lisboa: Helena Inverno e Verónica Castro (Volante)
Fotografia de cena da performance em Lisboa: Vasco Célio



Tomando de empréstimo o título de uma revista de decoração arquitectónica, a performance World of Interiors vira do avesso o seu referencial, ao suprimir qualquer vestígio de um décor envolvente e que fomente a autonomia dos seus utentes.
A presença humana passa, antes, por um deslocamento sucessivo do corpo e da voz e, por sua vez, de quem profere para quem recebe mensagens de alerta, por via oral. A perscrutação de uma completude deve contar, assim, com a desmultiplicação interminável de palavras balbuciadas em surdina, que o receptor pressente como ecos da sua consciência, mas alojados num campo subliminal.
Tal como o espaço é coberto de vozes alheias aos seus próprios portadores – por meios protésicos e por corpos inanimados -, também a consciência é accionada através do ventriloquismo; inerente a cidadãos que recorrem ao anonimato como sistema de camuflagem : o cariz feérico do discurso verbal não encontra correspondência com a sombria neutralidade corporal e, deste modo, é garantida a intensidade de uma voz Outra, interior, que, para o mundo exterior, surge enquanto sombra suspeita e prestes a ser definitivamente silenciada.

Fernando J. Ribeiro, “Ecos de uma Sombra Anónima”

World of Interiors surge no percurso único de Ana Borralho & João Galante no mundo das artes performativas. Ao longo dos anos os dois artístas desenvolveram o seu percurso num maduro e consistente corpo de trabalho; sempre híbrido, atravessando as fronteiras das artes visuais e performativas.
in Programa Alkantara Festival 2010